quarta-feira, 7 de abril de 2010

Eu e a Calamidade Pública

Segunda-feira para mim foi uma aventura e tanto. Começou quando saí do trabalho. Chovia torrencialmente, e eu, de vestido, sapatilha e um guarda-chuva quebrado, resolvi apesar da chuva, ir para a faculdade. Ao descer do ônibus já comecei a me arrepender. Para chegar do ponto até a faculdade, tive que colocar o pé na água, literalmente.
Depois, descobri que apenas eu e mais outros quatro malucos, se aventuraram em ir para a faculdade. Ah, e o professor também. Meia hora de aula e fomos dispensados.

Como eu já sabia que ia ser impossível ir para casa de ônibus, porque qualquer garoa faz com que o trânsito no Rio pare, tive a brilhante ideia de ir de metrô. Até então, estava super satisfeita com a minha esperteza e com a escolha feita. O metrô não estava abarrotado de gente, e a viagem foi tranquila. Só quando me dei conta de que o metrô não chega até Vila Isabel, e que eu teria que pegar o ônibus de integração foi que a minha felicidade acabou. E quando vi a fila para o ônibus, aí mesmo morri de arrependimento!
Fiquei quase uma hora na fila, quando fiz a melhor escolha do dia: ir pra casa a pé.
Até então, eu achava que o problema não era tão grave assim, afinal o trânsito não era surpresa, e o fato de eu ter esquecido o guarda-chuva na faculdade era um mero detalhe. Mas conforme fui caminhando, fui tendo noção da gravidade do problema.
Ruas cheias de lamas, alagadas, carros voltando na contra mão, pessoas desesperadas.
E a chuva continuava caindo sem piedade.
Tive que fazer um caminho totalmente desconhecido por mim até então, meter o pé na lama literalmente, e me aventurar por ruas alagadas. Era isso ou ficar na rua. Preferi seguir em frente.
Cheguei em casa às 23h, cansada, parecendo um pinto molhado, mas feliz. E agradeci a Deus. Pelo menos eu tenho uma casa quentinha para me acolher.

Na terça, acordei cedo e liguei a televisão. A cidade estava um caos. Fiquei chocada com o que vi. Pessoas sendo resgatadas de bote, abandonando seus carros, suas casas. Pessoas que passaram a madrugada na rua, porque não tiveram como voltar para a casa.
Não fui trabalhar, porque não tinha como chegar ao trabalho. A Praça da Bandeira estava totalmente alagada, a água batia na cintura.

E tudo isso por causa da chuva. Mas será que a chuva é culpada por esse estado de Calamidade pelo qual passamos? Ou será que nós também temos a nossa parcela de culpa?
Claro que o volume de chuva contribuiu, segundo os noticiários, choveu na segunda-feira o previsto para chover o mês de abril inteiro. Mas e o lixo que jogam nas ruas e que entopem os bueiros? E as pessoas que moram em áreas de risco? E a falta de infra-estrutura?
Uns dizem que a culpa é da chuva, outros que a culpa é do governo, mas quem é mesmo que joga lixo nas ruas e elege os governantes?


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